La salle de classe

La salle de classe

10/03/11

Um texto dedicado a todos aqueles que amam, deixaram de amar ou pensam não amar

Ser

Eu sou um ser humano, eu sou um ser vivo. Ainda assim, sinto a minha vida a esvair-se nos meandros da tua dor.

Eu sou ser sentido. Eu sou um ser livre. Mas permaneço estático e amorfo, congelado pelo sofrimento, exausto pela tua insustentável existência.

Perco-me, todos os dias, um pouco mais letárgico, um pouco mais dorido, encurralado no labirinto frio da ausência de amor.

Vislumbro a saída, conheço a escapatória. Falta de coragem ou ousadia minha, mas tenho um despreocupado, contudo, insuportável vazio de razão e emoção na minha consciência.

Quero viver. Voltar a brilhar. Ouvir-me a rir e a cantar de inconsciente alegria, embora teime em mergulhar nas profundezas do teu silêncio, à espera só mais um pouco, de uma luz, de um arrepio que me devolva a minha existência plena e imensa do teu incomensurável ser que me esmaga a alma.

Eu vou sobreviver, eu vou adormecer, entorpecido e expectando a malograda e doce vontade de te amar.
Eu vou agarrar-me a ti, eu vou respirar levemente, docemente, sem ruído, sem movimento, muito pequeno, sem sentimentos.

Pois eu tenho medo da cintilante e arrasadora libertação que mais me assusta
que o cárcere da nossa relação.

22/02/11

A tous ceux que j'aime, ceux que j'ai aimé et ceux que j'aimerai toujours...

NÃO SER E SER ASSIM

Tudo o vento leva
Tudo o vento levou
Deixou-me a mim sem rumo
Mas não me derrubou


Tudo dou ao Outro
Tudo o Outro tomou
Deixou-me a mim vazia
Mas não me matou


Tudo a ti dedico
Tudo a ti renuncio
Mesmo que sem vida fique
Pelo menos vivi


Para meus filhos, irmãos e pais.
Porque eu, sou assim
Betty Blue
 

mes poèmes, en Anglais, en délires et en douces souffrances

WANDER

Never forget who you are
Never forget where to go
Never forget to wander
Us
For life
Forever...


THE MOVEMENTS OF LIFE

Pull up
Pull down
Get up
Get down
You lied
It never comes back
Enjoy and die.


IF

If only you could see what I see
If only you could feel what I feel
If only you could live what I live
Then perhaps
You could.
If only you could...


GRAVITY

I feel no gravity
An urge to fly
A need to die
I feel my mind
A thrill to cry
And still I try
To grab the sky
There is no hope
There is no love
No life, no pride
I have to die.

Betty Blue

13/02/11

A nossa liberdade

Parce que demain c'est la Saint Valentin.
Parce que demain, tout comme aujourd'hui
Je t'aimerai plus qu'hier
Je te chérirai comme toujours
En quête d'un nouveau demain.

A nossa Liberdade
Como lhe chamaste
Parece tão longe
Quase lhe tocaste

Engolindo a minha vida
Acaricia o meu peito
Não me deixes sofrida
Oferece-me o teu leito

A nossa liberdade
Consolida o meu ser
Constrói o meu espírito
Não me deixes morrer

Abre-me o teu abraço
Aperta-me o rosto
Dá-me o teu regaço
Exorcisa-me esta dor

Quero caminhar contigo
Percorrer este trilho
Até ao fim sentir
Reluzir este brilho

E quando acordar
Invadida pelo teu cheiro
No teu corpo abandono
A minha alma ingénua.

05/01/11

Só para abrir mais horizontes...

Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a espera do futuro

No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço

Setembro 1977
Mia Couto


 Couto, M. (1999). Raiz de Orvalho e Outros Poemas. Editorial Caminho.

PROJECTO VIII:


Este sítio, intitulado aula intercultural, caracteriza-se por disponibilizar ferramentas didácticas e actividades pedagógicas que possam ser utilizadas e exploradas em sala de aula, inclusive na aula de Língua Portuguesa, tratando-se de uma língua romanófona como o Castelhano e que pode proporcionar uma abordagem intercompreensiva da aprendizagem em Língua Materna, bem como uma abordagem plural. Por outro lado, apresentam ferramentas directamente relacionadas com as questões de géneros, e as especificidades da Identidade feminina. Apresentam outros e variados projectos desconstruindo os eterótipos construídospela cultura dita dominante do Ocidente acerca das mulheres muçulmanas no projecto denominado - Mujeres musulmanas: estereotipos occidentales versus realidad social. Este projecto oferece a consulta de bibliografia e outros documentos para se poder falar sobre as mulheres muçulmanas sem as barreiras da discriminação e do pensamento branco e judaico-cristão, de forma clara e aberta.
Também se referem outros projectos, ainda mais abrangentes, em que a questão de género(s) também tem um papel decisivo na criação de atitudes discriminatórias que devem ser combatidas através da partilha e da discussão desses temas decisivos numa perspectiva intercultural, como o é a questão da violência sobre as minorias mais fragilizadas. A hiperligação seguinte informa e oferece através do meio de um blogue uma reflexão partilhada sobre essa violência, mais dirigida a adolescentes, oferecendo estratégias e conteúdos específicos que se podem utlizar em sala de aula e abordar de forma pedagógica numa aula de Formação Cívica ou numa perspectiva transdisciplinar com as Línguas Portuguesa e Estrangeiras, Geografia (7.º e 8.º anos de escolaridade), Educação Visual e Área de Projecto:(cf: - Convivencia escolar y prevención de la violencia. El curriculum de la no violencia).

1.      Esta aula intercultural dirige-se aos professores, formadores, alunos, e de um modo geral os aprendentes (mesmo ao longo da vida) de uma L.E. e/ou materna ou de outras disciplinas, que queiram apropriar-se de um pensamento intercultural e entender melhor as intrincadas e profundas relações existentes entre as várias culturas do mundo e enriquecer dessa forma a comunicação educativa. O objectivo é mostrar que a nossa própria cultura vive e mantém-se viva através da sua interacção com outras culturas, outras religiões e outras identidades. Diria que o público-alvo deste sítio é intergeracional, e da mesma forma que os Picture Books emocionam, ensinam e enriquecem quem quiser aprender a ser melhor ser humano, dos 0 aos 100 anos.
2.      As credencias deste sítio estão divulgadas no final da página principal: O projecto é da responsabilidade do Sindicato dos Professores da UGT espanhola bem como do Sindicato UGT em Espanha. O portal e as suas actividades contam com o financiamento da União Europeia, mais precisamente o Fundo Europeu para a Integração e pelo Ministério do Trabalho e da Imigração do Governo de Espanha, tendo a colaboração do Ministério da Educação do Governo de Espanha, através do Instituto de Formação de professores, Investigação e Inovação Educativa (IFIIE). O Ministério da Igualdade Espanhol também intervém neste sítio, nomeadamente nos projectos ligados às questões da defesa dos direitos das mulheres enquanto minoria de género e de etnia.  
3.      Tratando-se de um sítio espanhol, todo em língua castelhana, não me pronunciarei sobre a correcção linguística. Todavia, pelos conteúdos oferecidos, as ligações úteis para os serviços de imigração, organizações para a igualdade dos géneros, guias para apoiar na integração dos imigrantes, para promover a educação das meninas oriundas de minorias imigrantes e muito e diversos documentos que visam uma integração harmoniosa, respeitando as identidades das minorias e as especificidades das suas culturas.
4.      Em termos estético-visual, temos um exemplo de um sítio muito atractivo, com o uso de imagens e cores vivas muito apelativas, a utilização do aspecto estético de vários formatos e tipos de letras. A página de apresentação e todas as páginas de hiperligações ostentam no topo várias bandeiras como forma de salientar as suas características de multiculturalidade e interculturalidade. O projecto que visa a alfabetização das mulheres imigrantes, mais precisamente as mulheres marroquinas, contém inclusive cadernos com informações para os formadores e professores reflectirem sobre um tipo de educação livre de sexismo e discriminação dos géneros. Refere-se, por exemplo o uso dos nomes próprios e o facto do nosso nome funcionar como cartão de visita das nossas especificidades identitárias, como a presença das mulheres implica um determinado tipo de interacção em sala de aula, exemplos de actividades a implementar em sala de aula. Também existem recursos na secção da biblioteca digital para consultar e obter informações cruciais em termos de procura de emprego, de direitos laborais (exemplo: Guía Intercultural para el Empleo y la Convivencia en la Región de Murcia, e Nº 7 Revista Punto de Vista: Religiones).
5.      Em termos de abrangência da mensagem, pelo facto do sítio estar apenas disponível em Castelhano, pode condicionar o visitante que tenha dificuldade em entender a língua. Contudo, e de acordo com a realidade portuguesa, essa condicionante torna-se muito pouco relevante, pois as semelhanças das línguas permitem uma leitura suficiente e diria mesmo confortável, bem como uma apreensão do sentido da mensagem. Mais uma vez, este sítio poderá servir de base de trabalho para diversas disciplinas (Formação Cívica, Língua Portuguesa, Área de Projecto, História, Geografia e Línguas Estrangeiras, nomeadamente as romanófonas). Tanto em termos de pesquisa, bem como de aprofundamento de temáticas ligadas aos direitos das mulheres, à alfabetização das crianças do sexo feminino ou até à criação de guias/roteiros/panfletos de ajuda ou apoio para minorias de género, étnicas ou religiosas – e temos exemplos de sobra neste portal – podemos usar pedagogicamente através de diferentes metodologias estes recursos e implementar actividades de carácter predominantemente intercultual em sala de aula, em actividades extra-curriculares, em clubes, no âmbito da aquisição de literacias através dos programas de Bibliotecas Escolares, etc… De ressalvar, ainda, os preciosos recursos pedagógicos para professores e formadores que queiram saber mais e melhor sobre a educação livre de sexismo e discriminação. A explorar, definitivamente, numa escola perto de si.



PROJECTO VII:

http://www.learningmigration.com/lm/index.php?section=project

Este portal da responsabilidade do programa Comenius da União Europeia, apresenta vários projectos pedagógicos numa perspectiva de compreensão da contribuição e do próprio conhecimento da Migração nos países da União Europeia. O programa Comenius encontra-se inserido no Programa para a aprendizagem ao longo da vida Lifelong Learning Programme, financiado pela U.E. e que visa o desenvolvimento da Educação e da prática pedagógica, sendo os seus principais objectivos os de melhorar a mobilidade dos alunos e do pessoal da área da Educação nos países envolvidos, encorajar a aprendizagem das Línguas Estrangeiras, desenvolver o conhecimento e a aquisição de competências nas novas tecnologias de Informação, serviços, métodos de ensino e prática pedagógica para aprendentes ao longo da vida.
“The Comenius Programme is aimed at:
  • Pupils in school to the end of upper secondary education (covering nursery, primary and secondary schooling including technical and vocational education)
  • Schools, as specified by member states
  • Teachers and other staff within those schools
  • Associations, non-profit organisations, NGOs and representatives of those involved in school education
  • People and bodies responsible for the organisation and delivery of education at local, regional and national levels
  • Research centres and bodies concerned with lifelong learning issues
  • Higher education institutions
  • Bodies providing guidance, counselling and information services relating to any aspect of lifelong learning.
The following actions are supported by the Comenius Programme:
Comenius School Partnership Projects – this promotes transnational cooperation between schools (this replaces the Comenius 1 programme)
Comenius In Service Training for professional development (formerly Comenius 2)
Comenius Multilateral Projects to improve the initial or in-service training of teachers and other people working in the school education sector. (formerly Comenius 2)”[1]
Temos em primeiro lugar o Projecto MIRACLE, um projecto multilateral Comenius que envolve seis países europeus e financiado pela Comissão Europeia. Este consórcio visa o desenvolvimento de cursos de estágio e prática pedagógica, orientada para a promoção de competências político-interculturais dos professores de escolas elementares, a criação e elaboração de materiais didácticos e pedagógicos para alunos deste nível de ensino, fornecendo aos mesmos, todo um conjunto de informação livres de estereótipos e noções discriminatórias (por vezes veiculadas de forma inconsciente) sobre a migração (imigração, imigrantes, comunidades imigrantes), bem como potenciar uma carreira escolar de sucesso. 
1.      O público-alvo deste portal é mais uma vez da esfera da Educação e do Ensino, como podemos verificar no extracto da apresentação do Portal supra-mencionado, sendo claramente dirigido a um público adulto com responsabilidades na área da Educação ou Ensino. O seu objectivo é de promover projectos pedagógicos e mesmo administrativos para as escolas e/ou outras Instituições de Ensino, desde que orientadas para a aprendizagem ao longo da vida. Em termos da nomenclatura usada para se referir ao/à visitante do Portal percebemos o esforço para não colocar questões de género(s) como entrave, usando termos neutros como pupils, teachers, bodies, associations, people, embora na língua inglesa este cuidado com a questão de géneros  na referência a pessoas seja mais fácil dada a neutralidade inerente dos termos usados.
2.      As credenciais deste Portal são de carácter oficial, estando na tutela da União Europeia e do Conselho da Europa. Inclusive os financiamentos e as bolsas dos Projectos Interculturais que estão apresentados dependem do seu aval. Para exemplificar refiro, a título ilustrativo, dois projectos pedagógicos apresentados.
O projecto MIRACLE é coordenado pela associação AGORA civic education, na Universidade de Leibniz, em Hannover, na Alemanha mas depende dos financiamentos da União Europeia. O projecto denominado MentorMigration 2.1 - Use of student mentors for immigrant children and other disadvantaged groups[2], também se insere no Programa Socrates Comenius, e é portanto da responsabilidade da Comissão para a Educação e a Cultura da União Europeia. Este projecto é muito original pelo facto de se destinar especificamente para crianças dos 8 aos 12 anos, tendo como objectivo o desenvolvimento de mentores (porta-voz) para a(s) migração/ões, através do modelo Nightingale Mentoring. Este projecto tem como participantes institutos pedagógicos, escolas e universidades de vários países europeus, o que lhe confere um peso institucional inegável.
3.      Em termos de pertinência e de correcção linguista o portal é irrepreensível. O seu conteúdo é apresentado em Inglês e de forma muito sucinta e clara. Quanto ao respeito das questões de género(s) e das identidades, vemos uma preocupação constante na escolha dos termos utilizados na apresentação dos projectos. Por outro lado, todos estes projectos ligados ao âmbito abrangente da Migração visa a criação de uma consciência intercultural, estabelecer esse diálogo de acordo com esta perspectiva de aceitação da(s) diferença(s) para crescer pedagógica e pessoalmente com estas experiências. Para além desta preocupação com a interculturalidade e a partilha de informação e comunicação entre países europeus, também podemos notar o desenvolvimento de uma consciência cívica e da noção de cidadania europeia alargada, sendo necessário o entendimento e conhecimento da(s) nossa(s) diferença(s) para crescermos enquanto cidadãos/ãs da Europa e do mundo.
4.      A apresentação da informação na página principal, bem como nas outras hiperligações aos projectos pedagógicos divulgados é de grande sobriedade, usando o azul e o branco, sem imagens e sem publicidade. Toda a tónica versa na qualidade do conteúdo e a sua pertinência e objectivo institucional que é divulgar e promover a existência e a realização de Projectos Interculturais no âmbito das Migrações, desenvolvendo nos seus participantes (sobretudo professores e alunos) a consciência intercultural e a compreensão e aquisição de conhecimentos em Línguas e Culturas de outros países europeus.
5.      O âmbito de acção deste portal extrapola quaisquer fronteiras no domínio educativo. Estes ricos e interessantes projectos financiados pela União Europeia, permitem ao pessoal docente ou funcionários de escolas e institutos ligados ao ensino e alunos destas instituições de adquirir experiências, vivências e conhecimentos, conjugando a perspectiva empírica e científica, para adquirir competências cívicas, plurilingues, interculturais e enriquecer a sua própria percepção do mundo. Em termos de carreira profissional o ganho também me parece substancial. De seguida, os professores e alunos que recebam este tipo de formação podem desenvolver um trabalho pedagógico junto dos alunos e colegas no sentido de enriquecer os métodos de ensino deste conhecimento profundo do fenómeno das Migrações e as suas implicações na nossa sociedade.

PROJECTO VI:

http://www.yam2008.com/ 
 
Este projecto com o nome de Youth and Migration revela ao primeiro olhar o público-alvo que pretende atingir, ou seja, as camadas mais jovens da população, alunos e estudantes com uma perspectiva empírica da migração ou com interesse nesta temática e em descobrir mais através do diálogo intercultural.

1   A página principal mostra uma imagem de jovens com expressões muito felizes, e característica que não esperaríamos tratando-se do tema das migrações, em vez de ir pelos estereótipos de imagens de jovens com características facilmente identificáveis e relacionadas a outras etnias, escolheram, inesperadamente, uma imagem de jovens raparigas de traços caucasianos e cabelos louros a bater palmas, numa clara atitude de celebração. Em princípio, a primeira ideia que surge na nossa mente quando nos referimos à multiculturalidade associa-se à presença de pessoas de várias origens, com traços físicos característicos da pertença a outra etnia e/ou outra religião, embora a utilização de jovens com expressões de alegria e entusiasmo seja uma constante. De seguida, na parte superior direita do ecrã, temos duas caixas à disposição, uma para o leitor-visitante se submeter a um teste de “atitude” e testar a sua abertura à interculturalidade e outra com o programa relativo à história da Migração. Usa-se, assim, uma estratégia típica das revistas para adolescentes que é a utilização de testes psicológicos, mas desta vez, com o intuito de fazer passar a mensagem de uma necessária mudança de atitude perante a diversidade das Identidades. Tendo presente a questão do respeito do(s) género(s), ao viajar (usando a terminologia usada pelos autores do sítio) neste projecto, não encontramos nenhum indício de discriminação de géneros ou de qualquer outro tipo de discriminação. Toda a mensagem reside na preocupação última de criar uma consciência de tolerância (embora este termo não reúna consenso) em relação às comunidades de imigrantes e face à própria imigração.
2.      Em termos de credenciais também estamos na presença de um projecto com a tutela do Conselho da Europa, da Instituição NORS KULTURRÄD, da Universidade Universitetet i Stavanger, da AKTIV UNGDOM e da NORAD UTDANNINGSDIREKTORATET, ou seja instituições de reconhecido interesse público, com um papel decisivo em termos académicos e/ou culturais ou de defesa dos direitos dos cidadãos.
3.      Em termos de correcção cientifico-pedagógica, o sítio também parece reunir os requisitos de correcção linguística, nota-se uma grande preocupação na concisão e na exactidão em termos de definição do que é a interculturalidade, a atitude perante a diversidade e o respeito pelas diferenças. Dada a faixa etária que se pretende atingir e que visa principalmente as camadas jovens, o discurso não demasiado técnico ou académico, nem demasiado extensivo e desenvolvido. Por outro lado, é de salientar a preocupação em apresentar todos os aspectos da migração através dos seus contributos para a história e a riqueza cultural de cada país. Apercebemo-nos desse facto ao submeter-nos ao teste de atitude perante a diferença, que consiste na apresentação de um pequeno teste psicológico que tem como fim avaliar a atitude do visitante perante a imigração e os imigrantes e a contribuição dos mesmos para o desenvolvimento do seu país.
4.      O conceito visual é bastante apelativo, com cores vivas e atractivas (os verdes claros, com azuis e rosas claro). Por outro lado o nome do sítio é esclarecedor e directamente orientado para as camadas jovens que pretende atingir, Youth And Migration com o acrónimo YAM, que tem conotações agradáveis da onomatopeia Yum, ou Yummy ligada à área da gastronomia, (quando se saboreia algo delicioso), sendo esse um termo da linguagem corrente e informal. A letra Y tem a configuração de uma figura humana, usando assim a personificação para reforçar a mensagem de humanidade ligada à palavra e à noção de migração.
5.      Em termos de difusão da mensagem, este sítio representa um potencial instrumento pedagógico a usar em sala de aula de Formação Cívica, usando uma modalidade atractiva e mais familiar aos nossos jovens. Este sítio poderia ser explorado em duas ou três sessões de 45 minutos de Formação Cívica ou Educação para a Cidadania (para os Cursos de Educação e Formação), através de uma cuidada articulação interdisciplinar entre o Director de Turma e o/a docente de Inglês L.E., desde o sétimo ano de escolaridade, nível três de aprendizagem até aos níveis mais avançados, sendo as actividades aplicadas a cada faixa etária cuidadosamente adaptada a cada nível de ensino. Todavia, as potencialidades de utilização deste sítio dependem da capacidade de exploração infinitas que os alunos e docentes lhe queiram conferir.

PROJECTO V:

http://www.lisleinternational.org/

A fundação Lisle, criada em 1936, chamava-se na época The Lisle Fellowship, cuja inspiração do nome veio do estado de Nova-Iorque de Lisle onde se desenvolveu o primeiro programa educativo intercultural para alunos americanos e estrangeiros. O objectivo dos seus fundadores Dr. DeWitt and Edna Baldwin, antigos missionários Metodistas na Birmânia era de desenvolver uma experiência educativa que fosse simultaneamente multicultural, interracial e interreligiosa, promovendo assim a interacção entre estudantes americanos e estrangeiros, o que para a época, os anos trinta representava uma ideia totalmente radical de interacção de grupo, vida comunitária e reflexão partilhada. O modelo de Lisle baseia-se no modelo único de educação intercultural e experiência profissional, implicando um envolvimento íntimo na vida comunitária, na experiência de reflexão de grupo, na sensibilização para variadas perspectivas humanas e o desenvolvimento de valores pessoais através da criação de uma consciência mundial. Os projectos que financiam são de interesse público e humanista irrefutável, basta conferir a diversidade dos projectos, os países envolvidos e a presença constante da defesa dos Direitos Humanos, nomeadamente das crianças e mulheres, dos estratos sociais mais desfavorecidos, das minorias desprotegidas:

2006–07 Grantees
India: Gujurat Cultural Initiative—Regeneration of integrated transformation of tribal community through their cultural initiatives in four tribal villages of Banaskandtha District in Gujarat, India.
U.S.A. and Guatemala: Global Visionaries Youth Leadership Program—The Leadership Program educates and trains students in cross-cultural understanding, environmental awareness and social action, empowering students to take critical steps to eliminate racism and social inequalities and become environmental stewards both at home and abroad.
Jamaica: Jamaican Computer Lab Project— The purpose of this project was to increase access and skills in Information Technology (IT) for women, teachers, and children in developing countries by giving participants the knowledge to assemble a 10- computer mini-lab and deliver it to the Sheffield All Ages School in Negril, Jamaica during the summer of 2007.
2007–08 GRANTEES
India: Chintan Wastepicker Project— This partnership was to help Muslim wastepicker women in Delhi to organize themselves to assert their rights and to procure cleaner, safer livelihoods.
India: Mountain Childrens Forum Community Engagement Workshops—a series of nine workshops will expose young people to the concepts of collective action and local engagement.
Zambia: Girls Got Goals Soccer Project— helping support a full-time salary for a Zambian woman to coordinate a girls soccer program as well as purchase much needed sports equipment.”[1]

1.      O público-alvo deste sítio é intergeracional, embora muito orientado para estudantes ou profissionais em busca de novas experiências educativas. Pela imagem usada na página principal que aparece junto do logótipo desta associação vemos a preocupação em veicular uma mensagem de convivência entre pessoas de várias idades, várias etnias e várias origens sócio-culturais e religiosas. O logótipo refere Building Global Citizens, mostrando a sua preocupação e oferecer e apoiar projectos que permitam adquirir uma capacidade de comunicação e de entendimento mundial. Apelam à contribuição em donativos pecuniários para garantir o financiamento destes projectos interculturais através da sua inscrição nesta organização não governamental.
2.      Em termos de credenciais, sabemos que os seus fundadores Dr. DeWitt and Edna Baldwin estavam ligados às Missões Metodistas, com carácter religioso, embora defendessem um diálogo plural entre religiões. Através do esforço desenvolvido pelos seus fundadores, Lisle foi considerado um factor catalisador para inúmeros projectos e organizações educacionais (the Scandinavian Seminar (fundado por um aluno de Lisle), the U.S. Institute of Peace, The Council for International Educational Exchange (CIEE), e a NAFSA: Association of International Educators).
3.      Relativamente à correcção linguística, notámos apenas uma pequena gralha no logótipo desta organização (falta um l na palavra global). De resto, é constante a preocupação em respeitar a alteridade e a(s) identidade(s). Pela escolha dos seus projectos nota-se uma grande preocupação na defesa dos direitos das minorias oprimidas (as mulheres muçulmanas de Delhi, as jovens da Zâmbia, as classes sociais mais desfavorecidas no Guatemala). Salienta-se a noção de partilha, de interacção e de comunicação entre culturas, cingindo-se a três grandes princípios: A abordagem centrada na pessoa; a vida cooperativa em grupo ou comunidade e a tomada de decisão consensual.  
4.      A página principal e o próprio logótipo desta organização está directamente pensado para a difusão da consciência mundial que defendem “world mindedness”, usando a junção da imagem de dois planetas que mostram diferentes continentes (As Américas e África) como que demonstrando que o seu objectivo é reaproximar dois mundos? O aspecto menos positivo a salientar seria o aspecto geral um pouco envelhecido pelo uso das cores, das letras muito grandes no logótipo e pelo facto da informação não ser tão clara como merecia. Outro aspecto importante é a referência aos organizadores e responsáveis pela organização, não se fazendo alusão à sua profissão ou formação académica, referem apenas os nomes de forma muito familiar, talvez, no intuito de enfatizar a ideia de comunidade e família dos membros.
5.      Em termos de projecção desta organização e dos projectos que financiam, é de salientar que a sua abrangência é notável, tendo projectos em 19 países do mundo. Trabalham em colaboração com Associações ligadas à defesa dos Direitos Humanos como a K.A.W.A.D. e a F.M.G. que lutam contra a mutilação genital feminina. Contudo, a forma como o/a visitante do sítio se pode tornar membro ou participar nestes projectos não é muito clara. Por outro lado, a participação nestes projectos implica uma vivência em comunidade que pode afugentar algumas participações, embora o princípio que se tentou seguir é o de viver junto das comunidades no estrangeiro para perceber e entender melhor a sua dinâmica sócio-cultural.

PROJECTO IV:


Este sítio, à semelhança do Projecto I que já referimos e analisámos, encontra-se também na alçada das Nações Unidas, e tem o nome com características metafóricas de “Bridging Cultures Building Peace”, sendo da responsabilidade da organização United Nations Alliance of Civilizations Forum. Como o metafórico nome indica, esta organização pretende juntar iniciativas privadas, bem como estados e governos à volta do diálogo intercultural. Oferecem apoios a projectos interculturais que promovam o diálogo e uma verdadeira partilha e comunicação entre países, etnias, religiões e Identidades diversas. Sendo assim, temos um dos pressupostos apresentados por Byram preenchidos e que visa o desenvolvimento e a promoção da interacção dos aprendentes com outras pequenas partes (já referidas por Blaise Pascal) da sua sociedade e/ou de outras sociedades e outras culturas. Para que os mesmos possam abraçar conhecimentos, culturas e experiências que lhes permitam obter uma percepção mais alargada do mundo e entender a relativa importância da sua própria cultura, adquirindo competências para se adaptarem a outras situações e perspectivar a sua identidade através de todas as outras identidades.

The task is rather to facilitate learners ‘interaction with some small part of another society and its cultures, with the purpose of relativising learners’ understanding of their own cultural values, beliefs and behaviours, and encouraging them to investigate for themselves the otherness around them, either in their immediate physical environment or in their engagement with otherness which internationalization and globalization have brought into their world.” [1]
1.      Relativamente a este sítio, vemos claramente quais as credenciais, uma vez que na apresentação dos vários projectos interculturais que divulgam, o texto tem a seguir ao título a referência aos autores que são parte das Nações Unidas: United Nations Alliance of Civilizations Forum. O público-alvo é indeterminado em termos de profissão, embora pelas características do portal possamos afirmar que é dedicado mais precisamente a faixas etárias adultas. Não contém imagens ou outro elemento que possa atrair a atenção dos mais jovens, primando pela sobriedade da apresentação.
2.      Quanto às credencias já identificámos a responsabilidade da Nações Unidas e mais precisamente da Aliança para o fórum das Civilizações das N.U. É uma referência de grande valor em termos humanos e com créditos em termos de acção humanitária à volta do globo. Estes projectos têm como elo de ligação comum a Paz no mundo e a construção de pontes de comunicação para promover e atingir a Paz. O contacto que é fornecido é radicado em Nova Iorque, nos Estados Unidos: UN Alliance of Civilizations Secretariat, New York.
Na secção Multimedia, tem uma grande oferta de gravações no YOU TUBE de comunicações e intervenções feitas no âmbito destes projectos. Ao visionarmos estes documentos de vídeo podemos enriquecer a nossa perspectiva sobre a Interculturalidade de um modo apelativo e interessante, graças ao apoio das dimensões do som e da imagem. Divulgam também fotografias, relatórios e outras intervenções para nos levar a reflectir sobre estas temáticas e, por outro lado, colocam à disposição do visitante a referência aos seus parceiros, nestes projectos, nomeadamente:  ART For The World, Asian Institute of Journalism and Communication (AIJC), Asociación de las Televisiones Educativas y Culturales Iberoamericanas (ATEI), euronews, International Association for Media and Communication Research (IAMCR), Nordicom, Vivendi. Podemos visionar uma intervenção do Dr. Jorge Sampaio sobre o fórum da UNAOC, realizado no Rio de Janeiro. Na secção Resources podemos aceder aos documentos e actas do fórum de Rio de Janeiro, os discursos numerosos do Dr. Jorge Sampaio e outros intervenientes de relevo.
3.      Nada há a referir no respeitante à correcção linguística e científica. Este sítio, dadas as credenciais que apresenta tem, evidentemente, grande preocupação em corresponder aos níveis de língua e às exigências de um discurso que se pretende intercultural, dirigindo-se de forma bastante neutra a um público esclarecido, sem ter um discurso inacessível ou demasiado académico. O facto do sítio disponibilizar a informação em Língua Inglesa permite a criação de alguma informalidade e simplicidade, aliadas a um discurso preciso e politicamente correcto.
4.      Os indícios visuais e estéticos também reflectem uma postura de simplicidade e sobriedade, usando cores claras (verdes e brancos, com azuis que se relacionam com a cor da O.N.U., sendo a sua cor simbólica). Apresenta dois símbolos na página de apresentação, um das Nações Unidas, situado no canto superior direito e outro respeitante à realização do Forum Bridging Cultures Building Peace, no canto superior esquerdo, cujo significado estabelece uma analogia entre a construção de pontes que permitam a construção da Paz no mundo. Investigando todas as hiperligações do sítio verificamos a utilização de vários media (YOU TUBE, comunicados de imprensa, discursos) e vários suportes (escritos, vídeos, áudio).
5.      Em termos de abrangência da mensagem poderemos afirmar que se trata de um recurso extremamente útil em termos pedagógicos, recorrendo a essa informação em aulas de Formação Cívica ou Educação para a Cidadania. Mesmo em termos de Língua Estrangeira (Inglês e Francês) pode se aproveitar este recurso para aprofundar os conceitos de utilidade e acção de organizações como as Nações Unidas que são leccionadas nos 10.º anos (L.E.I e II) e 9.º anos (L.I e II) de escolaridade. Através de actividades de pesquisa e de trabalhos de projecto podem-se analisar os projectos divulgados neste sítio e tentar adaptar algum projecto à realidade escolar de um determinado Agrupamento.


[1] Byram, Nichols and Stevens, (2001: 3).