A fundação Lisle, criada em 1936, chamava-se na época The Lisle Fellowship, cuja inspiração do nome veio do estado de Nova-Iorque de Lisle onde se desenvolveu o primeiro programa educativo intercultural para alunos americanos e estrangeiros. O objectivo dos seus fundadores Dr. DeWitt and Edna Baldwin, antigos missionários Metodistas na Birmânia era de desenvolver uma experiência educativa que fosse simultaneamente multicultural, interracial e interreligiosa, promovendo assim a interacção entre estudantes americanos e estrangeiros, o que para a época, os anos trinta representava uma ideia totalmente radical de interacção de grupo, vida comunitária e reflexão partilhada. O modelo de Lisle baseia-se no modelo único de educação intercultural e experiência profissional, implicando um envolvimento íntimo na vida comunitária, na experiência de reflexão de grupo, na sensibilização para variadas perspectivas humanas e o desenvolvimento de valores pessoais através da criação de uma consciência mundial. Os projectos que financiam são de interesse público e humanista irrefutável, basta conferir a diversidade dos projectos, os países envolvidos e a presença constante da defesa dos Direitos Humanos, nomeadamente das crianças e mulheres, dos estratos sociais mais desfavorecidos, das minorias desprotegidas:
“ 2006–07 Grantees
India: Gujurat Cultural Initiative—Regeneration of integrated transformation of tribal community through their cultural initiatives in four tribal villages of Banaskandtha District in Gujarat, India.
U.S.A. and Guatemala: Global Visionaries Youth Leadership Program—The Leadership Program educates and trains students in cross-cultural understanding, environmental awareness and social action, empowering students to take critical steps to eliminate racism and social inequalities and become environmental stewards both at home and abroad.
Jamaica: Jamaican Computer Lab Project— The purpose of this project was to increase access and skills in Information Technology (IT) for women, teachers, and children in developing countries by giving participants the knowledge to assemble a 10- computer mini-lab and deliver it to the Sheffield All Ages School in Negril, Jamaica during the summer of 2007.
2007–08 GRANTEES
India: Chintan Wastepicker Project— This partnership was to help Muslim wastepicker women in Delhi to organize themselves to assert their rights and to procure cleaner, safer livelihoods.
India: Mountain Childrens Forum Community Engagement Workshops—a series of nine workshops will expose young people to the concepts of collective action and local engagement.
Zambia: Girls Got Goals Soccer Project— helping support a full-time salary for a Zambian woman to coordinate a girls soccer program as well as purchase much needed sports equipment.”[1]
1. O público-alvo deste sítio é intergeracional, embora muito orientado para estudantes ou profissionais em busca de novas experiências educativas. Pela imagem usada na página principal que aparece junto do logótipo desta associação vemos a preocupação em veicular uma mensagem de convivência entre pessoas de várias idades, várias etnias e várias origens sócio-culturais e religiosas. O logótipo refere Building Global Citizens, mostrando a sua preocupação e oferecer e apoiar projectos que permitam adquirir uma capacidade de comunicação e de entendimento mundial. Apelam à contribuição em donativos pecuniários para garantir o financiamento destes projectos interculturais através da sua inscrição nesta organização não governamental.
2. Em termos de credenciais, sabemos que os seus fundadores Dr. DeWitt and Edna Baldwin estavam ligados às Missões Metodistas, com carácter religioso, embora defendessem um diálogo plural entre religiões. Através do esforço desenvolvido pelos seus fundadores, Lisle foi considerado um factor catalisador para inúmeros projectos e organizações educacionais (the Scandinavian Seminar (fundado por um aluno de Lisle), the U.S. Institute of Peace, The Council for International Educational Exchange (CIEE), e a NAFSA: Association of International Educators).
3. Relativamente à correcção linguística, notámos apenas uma pequena gralha no logótipo desta organização (falta um l na palavra global). De resto, é constante a preocupação em respeitar a alteridade e a(s) identidade(s). Pela escolha dos seus projectos nota-se uma grande preocupação na defesa dos direitos das minorias oprimidas (as mulheres muçulmanas de Delhi, as jovens da Zâmbia, as classes sociais mais desfavorecidas no Guatemala). Salienta-se a noção de partilha, de interacção e de comunicação entre culturas, cingindo-se a três grandes princípios: A abordagem centrada na pessoa; a vida cooperativa em grupo ou comunidade e a tomada de decisão consensual.
4. A página principal e o próprio logótipo desta organização está directamente pensado para a difusão da consciência mundial que defendem “world mindedness”, usando a junção da imagem de dois planetas que mostram diferentes continentes (As Américas e África) como que demonstrando que o seu objectivo é reaproximar dois mundos? O aspecto menos positivo a salientar seria o aspecto geral um pouco envelhecido pelo uso das cores, das letras muito grandes no logótipo e pelo facto da informação não ser tão clara como merecia. Outro aspecto importante é a referência aos organizadores e responsáveis pela organização, não se fazendo alusão à sua profissão ou formação académica, referem apenas os nomes de forma muito familiar, talvez, no intuito de enfatizar a ideia de comunidade e família dos membros.
5. Em termos de projecção desta organização e dos projectos que financiam, é de salientar que a sua abrangência é notável, tendo projectos em 19 países do mundo. Trabalham em colaboração com Associações ligadas à defesa dos Direitos Humanos como a K.A.W.A.D. e a F.M.G. que lutam contra a mutilação genital feminina. Contudo, a forma como o/a visitante do sítio se pode tornar membro ou participar nestes projectos não é muito clara. Por outro lado, a participação nestes projectos implica uma vivência em comunidade que pode afugentar algumas participações, embora o princípio que se tentou seguir é o de viver junto das comunidades no estrangeiro para perceber e entender melhor a sua dinâmica sócio-cultural.
Sem comentários:
Enviar um comentário